Por Luiz Jean Lauand
Estamos tão acostumados a pensar que o verbo só admite duas formas de voz - ativa e passiva - que nem podemos imaginar uma terceira forma.
Ativa e passiva - assim pensamos à primeira vista - esgotam as possibilidades (o que poderia haver além de "eu bebi a água" e "a água foi bebida por mim"?) e na língua espanhola a expressão "por activa y por pasiva" significa "todas as possibilidades", "todas as formas", como quando se diz: "Ya lo hemos intentado por activa y por pasiva, sin llegar a conseguir una solución".
A voz média é um rico recurso (encontrado, por exemplo, no grego), que permite expressar (e perceber e pensar) situações de realidade que não se enquadram bem como puramente ativas nem como puramente passivas. Há ações que são protagonizadas por mim, mas, na realidade, não o são em grau predominante: há tal influência do exterior e de outros fatores que não posso propriamente dizer que são minhas. O eu - como na clássica sentença de Ortega - estende-se à circunstância: yo soy yo y mi circunstancia.
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