Por Jean Lauand
Confundir, ensina o filósofo José Ortega y Gasset (1883-1955), é também uma importante função da linguagem. Numa entrevista que fiz em 1999 a um dos mais importantes filósofos espanhóis de nosso tempo, o recém-falecido Julián Marías, ele assim expunha o conceito orteguiano de "pensamento confundente":
"Há uma dupla dimensão do pensamento. Há uma função, diríamos, normal do pensamento, que é distinguir e determinar as diferentes formas de realidade. Mas se esta fosse a única função do pensamento, não haveria como lidar intelectualmente com realidades complexas, em suas conexões, nas quais interessa ver o que há de comum e, portanto, o tipo de relações que há entre realidades, de resto, muito diferentes. Isto é o que Ortega denominava 'pensamento confundente'.
Eu gosto do exemplo da palavra 'bicho', muito vaga, que se refere a milhões de animais, mas nos comportamos diante de um 'bicho' de uma maneira homogênea: em muitas ocasiões as diferenças não contam, e não nos importa a espécie (haverá centenas de milhares de coleópteros, mas, para muitos efeitos, não interessa). O 'pensamento confundente' é muito importante e é um complemento para o pensamento que distingue".
A utilidade dos termos que confundem, nas bancas
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